O antigo Hospital Municipal da Mulher Dr. João Luís de Jesus Rosseto (HM), localizado no bairro Aviação, em Araçatuba (SP), poderá ser reaberto na gestão do prefeito eleito Lucas Zanatta (PL), que assume o município a partir de 1º de janeiro de 2025. A reabertura consta em seu Plano de Governo e foi confirmada pelo médico Daniel Ferreira Martins Júnior, nessa sexta-feira, 20, ao ser anunciado oficialmente como secretário municipal de Saúde.
A ideia é que no local funcione um Ambulatório de Saúde da Mulher, com atendimento integral (consultas, pré-natal, exames de imagem, partos e laqueaduras). O Hospital, conforme Ferreira, também poderá fazer cirurgias de baixo risco, como de hérnia, que não exige internação.
Vasectomia
Outro serviço que a unidade poderá voltar a oferecer ao munícipe é a cirurgia de vasectomia, serviço que foi suspenso em outubro de 2017, quando os cerca de 110 partos ali realizados foram transferidos para a Santa Casa e a unidade deixou de ser um hospital.
Na época, passaram a funcionar no local somente o Banco de Leite Humano, serviços internos de esterilização de materiais e uma empresa terceirizada que realizava exames de mamografia para o município. Depois, o prédio funcionou como um ponto de atendimento a pacientes com suspeita de Covid-19, durante a pandemia.
Gestão atual tinha planos de transformar HM em pronto-socorro
Os planos da atual administração, que se encerra em 31 de dezembro, era de transformar o local em um pronto-socorro municipal, transferido os serviços de urgência e emergência que hoje funcionam na Rua Rosa Cury para lá.
Foi feita uma licitação para a reforma do espaço, cujo resultado chegou a ser homologado, mas o prefeito eleito, Lucas Zanatta, solicitou ao atual, Dilador Borges (PSDB), que não assinasse a ordem de serviço, justamente por ter planos de usar o prédio para a sua finalidade original, como hospital.
O novo secretário não deu detalhes de como a reabertura do Hospital da Mulher seria viabilizada nem dos valores necessários para o seu custeio e de como seria a gestão da unidade. Vale lembrar que Zanatta convidou o UniSalesiano para gerir os serviços de saúde municipais, mas a instituição ainda está em fase de estudos de viabilidade.
História
O Hospital da Mulher foi inaugurado em 2000 pela então prefeita Germínia Dolce Venturolli, falecida recentemente. Em 2011, o HM ganhou manchete nacional ao registrar uma série de mortes de recém-nascidos em suas instalações. Os óbitos viraram caso de polícia e foram alvo de investigação do Ministério Público, na época.
Cinco anos depois, o hospital enfrentou nova crise. Desta vez, financeira. A Prefeitura alegava, em 2016, que não tinha condições de manter os custos da unidade, que atendia pacientes não só do município, mas da região.
Naquele ano, o orçamento previsto para o HM era de R$ 12 milhões, o que em valores atualizados com a inflação acumulada de janeiro de 2016 a novembro de 2024, equivalem, hoje, a R$ 18,6 milhões, levando em conta o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) medido pelo IBGE no período, que é de 55,24%.
O fechamento do HM, que era administrado pela Organização Social Associação das Senhoras Cristãs Benedita Fernandes, chegou a ser anunciado várias vezes pela administração de Cido Sério, que recuava a cada intervenção do DRS 2 (Departamento Regional de Saúde) e do Ministério Público.
A unidade perdeu a sua finalidade de hospital em 2017, na gestão de Dilador, que transferiu os partos para a Santa Casa, repassando recursos ao hospital pela prestação do serviço.