O “jogo do desmaio” e os riscos de desafios virais nas redes sociais

Desafios como o “jogo do desmaio” ganham força nas redes sociais e trazem graves riscos à saúde de adolescentes.
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Os desafios perigosos disseminados por redes sociais como TikTok, Instagram e YouTube têm ganhado popularidade entre adolescentes, despertando preocupações em famílias e especialistas. Um dos mais alarmantes é o “jogo do desmaio”, ou “blackout challenge”, que consiste em interromper temporariamente a oxigenação do cérebro para provocar sensações de euforia ou perda de consciência.

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Apesar de parecer uma “brincadeira”, a prática tem consequências graves, como convulsões, danos neurológicos permanentes e até morte. No Brasil, alertas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e de especialistas em saúde reforçam os riscos dessa e de outras práticas incentivadas por conteúdos virais nas redes sociais.

O que é o “jogo do desmaio”?

O “jogo do desmaio” não é novo, mas ganhou força com a viralização em plataformas digitais. Nele, participantes usam métodos como enforcamento com as próprias mãos, cordas ou ajuda de terceiros para limitar o fluxo de oxigênio ao cérebro. A sensação momentânea de euforia pode parecer atraente para adolescentes curiosos ou em busca de validação social, mas os riscos são extremos.

De acordo com a SBP, a prática pode desencadear lesões graves, incluindo paradas cardiorrespiratórias e danos irreversíveis ao cérebro. Estudos indicam que jovens brasileiros têm aderido cada vez mais a desafios como esse, incentivados por vídeos que acumulam milhões de visualizações.

Por que adolescentes aderem a desafios perigosos?

Especialistas apontam que a combinação de fatores biológicos, sociais e tecnológicos contribui para a adesão de adolescentes a esses desafios. Durante a adolescência, o cérebro passa por mudanças que intensificam a busca por recompensas e validação social, enquanto o desenvolvimento das áreas responsáveis por decisões conscientes ainda não está completo.

As redes sociais amplificam esse comportamento ao promover conteúdos sensacionalistas, que chamam atenção e incentivam a reprodução de práticas perigosas. Segundo pesquisas, adolescentes brasileiros passam em média cinco horas por dia conectados, aumentando a exposição a conteúdos prejudiciais.

Como prevenir?

A conscientização é a principal ferramenta contra desafios como o “jogo do desmaio”. No Brasil, médicos e educadores recomendam que pais conversem abertamente com os filhos sobre os riscos e estejam atentos a sinais, como marcas no pescoço, olhos vermelhos ou relatos de tonturas.

Além disso, é essencial incentivar desafios saudáveis, como práticas esportivas ou atividades em grupo que estimulem habilidades criativas e socialização. A participação ativa de pais e escolas no desenvolvimento de critérios para avaliar riscos pode reduzir o apelo de práticas perigosas.

Um alerta necessário

A disseminação de desafios perigosos é um problema global, mas exige atenção local. No Brasil, a popularidade crescente do “jogo do desmaio” e de outras práticas semelhantes reforça a necessidade de uma abordagem integrada que envolva famílias, escolas, plataformas digitais e políticas públicas.

Mais do que restringir, o foco deve ser educar. Criar um ambiente seguro para que adolescentes compartilhem suas dúvidas e aprendam a reconhecer os riscos é essencial para reduzir a vulnerabilidade a comportamentos potencialmente fatais.

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