Lendário bar “Fecha Nunca” fecha as portas em Araçatuba

O bar ganhou o apelido de “Fecha Nunca” por funcionar dia e noite, inclusive nas madrugadas.
"Fecha Nunca" dará lugar a uma salgaderia - Foto: Angelo Cardoso
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O lendário bar Las Vegas, conhecido popularmente como “Fecha Nunca”, no Centro de Araçatuba (SP), fechou as portas após quase 50 anos de atividade. O espaço até então administrado pelo português de Beira Baixo, Joaquim Lopes, 81 anos, dará lugar a uma salgaderia.

A história do famoso estabelecimento começou na rua Olavo Bilac, com o Bar dos Expedicionários, que tinha o comerciante Mário Resquim como um dos proprietários, entre as décadas de 1970 e 1980.

Ganhou o apelido de “Fecha Nunca” por funcionar dia e noite, inclusive nas madrugadas, sendo ponto de encontro de boêmios, jornalistas, políticos e trabalhadores em geral. Naquele endereço, permaneceu durante 13 anos.

Anos depois, o Expedicionários foi vendido ao português Joaquim, que transferiu o bar para a Oswaldo Cruz, já com o nome de Las Vegas, pertinho da Câmara Municipal de Araçatuba. O novo proprietário acabou carregando o apelido “Fecha Nunca”, pela tradição de atender a qualquer hora do dia e da noite.

O radialista e dentista Juvenal Alves relatou, no Grupo Memórias de Araçatuba, no Facebook, que o “Fecha Nunca” era o ponto de encontro após as “jornadas de encerramento dos programas de rádio noturnos”.

Ele lembrou que um dos funcionários da época era o “eficiente Laércio”. “Meu lanche habitual era o sanduba, o peito de peru, pão, mortadela e queijo. Meu amigo Betinho Ferreira Gomes era um frequentador assíduo, sempre a tiracolo com seu radinho de pilha e um apetite insaciável”, relatou.

O advogado e ex-vereador Alceu Batista de Almeida Júnior, estudioso das memórias de Araçatuba, conta que há relatos de que nos fundos do bar, ainda na Olavo Bilac, funcionava um pensionato onde morou por algum tempo o famoso apresentador de TV Edson Cury, o Bolinha.

“O bar realmente tinha essa fama de que nunca fechava. No entanto, certa vez eu estava acompanhando um processo criminal, cujo depoente, um policial militar, em seu depoimento disse: ‘Acompanhamos o averiguado até o bar Fecha Nunca, o qual estava fechado’, tirando a lenda popular de que o mesmo não fechava”, disse Alceu Batista.

O português Joaquim

Lenda ou não, o famoso bar faz parte da memória de Araçatuba, assim como Joaquim Lopes, português de nascimento que veio de Beira Baixo para o Brasil há 67 anos.

Nasceu em Portugal no ano de 1944, mas escolheu ser brasileiro, conta o jornalista e fotógrafo Angelo Cardoso.

Joaquim Alves em seu estabelcimento na Oswaldo Cruz; com fama de nunca fechar, bar encerra as atividades de vez

Lopes, aliás, segundo Cardoso, gosta de política e é um entusiasta pela cidade que escolheu para viver e constituir família.

“Aos 81 anos, esbanja muita saúde e disposição para encarar qualquer desafio. É uma figura conhecidíssima em Araçatuba e já faz parte da nossa história”, finalizou o jornalista e fotógrafo.

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