O advogado araçatubense Nathan Alfredo Soruco está ajudando na busca pelo piloto Raphael Alvarez Fonseca, 38 anos, que está desaparecido desde o dia 18 de dezembro de 2024, após viajar a trabalho para Barra do Garças (MT), a 516 km de Cuiabá, capital matogrossense. A suspeita é de que o piloto tenha ido para a Bolívia.
Soruco, que possui nacionalidade boliviana por parte do pai, e atua defendendo o interesse de brasileiros na Bolívia, Paraguai e também Argentina, além do Brasil, foi procurado pelo pai do piloto, Genildo Fonseca, ao saber que seu filho poderia estar na Bolívia.
De acordo com informações do pai de Raphael, o piloto teria sido contratado para pilotar um helicóptero em Mato Grosso. Antes, ele havia saído, no início de dezembro, para realizar um trabalho de aviação executiva em Manaus (AM).
A previsão era de que ele retornasse para São Paulo (SP) no dia 9 de dezembro, mas entrou em contato com a família dizendo que tinha recebido uma proposta de trabalho em Mato Grosso.
O último contato com a família se deu no dia 17 de dezembro, ocasião em que Raphael enviou mensagens de um número estranho, com prefixo 591. A família descobriu ser um telefone da Bolívia e, desde então, o piloto desapareceu.
No início de 2025, muitos dias após o desaparecimento, o pai de Raphael recebeu informações de que seu filho estaria na localidade de Beni, um Estado da Amazônia boliviana. A localização, no entanto, não foi revelada, pois os interlocutores pediram US$ 4 mil para oferecer a informação.
Procedimentos de Busca
O advogado Nathan Alfredo Soruco contou à reportagem que esteve na Bolívia, onde formalizou pedidos de busca para a Força Aérea Boliviana e para o Exército, além da polícia local de Beni, mas não há novidades sobre o caso até o momento.
Segundo Soruco, foram feitos os procedimentos de estilo em território boliviano, como reunião na Embaixada do Brasil com agentes da Polícia Federal destacados no País, além do Cônsul do Brasil na Bolívia e um advogado local que é sócio de Nathan, Dr. Otto Ritter.

Beni e o narcotráfico
O advogado relata que, em território boliviano, há locais onde o Estado já não possui acesso. Sem querer emitir uma opinião sobre o assunto, ele considerou que Beni é um dos locais de maior produção de cocaína da Bolívia e está inacessível para autoridades de lá, assim como ocorre em algumas comunidades do Rio de Janeiro (RJ).
Soruco ponderou que esta realidade é muito antiga, remete-se ao final dos anos 1970, quando o boliviano Roberto Suárez Gámes se tornou um dos maiores fornecedores de cocaína do mundo, sendo inclusive o principal fornecedor de Pablo Escobar, segundo relata o livro “El Rey de la Cocaina”, de Ayda Levy.
Piloto não possui registro criminal
Segundo o advogado, o piloto não possui registro criminal ou qualquer envolvimento em atividades ilícitas no Brasil, no Paraguai e na Bolívia.
Além disso, a formação de Raphael na aviação é muito ampla. Graduou-se como comandante de linha aérea em aviões Foker e Boeing, além de agrícola e helicópteros de modelos sofisticados como AirBuss e Augusta, o que demonstra que sua oferta de empreso era constante.
O avião utilizado por ele no último voo estava equipado com rádio, GPS e matrícula em dia, tendo toda documentação em ordem, o que não caracteriza o costume da aviação para casos de narcotráfico, nos quais são utilizadas aeronaves clandestinas com documentação atrasada ou até mesmo furtadas.
“A família acredita que Raphael possa ter sido vítima de um sequestro e forçado a praticar o voo até a Bolívia, situação lamentável para a família e para toda a classe de pilotos que atua na América do Sul ao mando de pequenas aeronaves”, finalizou o advogado araçatubense.