Após a morte da auxiliar de monitoramento Barbara Celloni, 25 anos, por suspeita de botulismo, em Araçatuba (SP), o vereador Luciano Perdigão (PSD), que é médico, apresentou requerimento de informações que questiona a fiscalização sanitária de restaurantes do município.

O documento foi aprovado durante a 7ª sessão ordinária do ano, realizada nessa segunda-feira, 17, e será encaminhado ao prefeito Lucas Zanatta (PL), que tem prazo de 15 dias para responder.

A jovem Barbara Celloni faleceu na última terça-feira, 11, após quatro dias de internação na Santa Casa de Araçatuba. Ela começou a passar mal em 6 de março, um dia após ter ingerido comida japonesa em um restaurante da cidade.

O pai de Barbara, o comerciante João Celloni, conta que a filha apresentou sintomas como vômito, falta de ar, perda da força muscular e visão turva. Do grupo de pessoas que a acompanharam no restaurante, somente ela passou mal.

Segundo João Celloni, a jovem chegou a ir três vezes na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Morada dos Nobres e o diagnóstico inicial foi de crise de ansiedade.

Como o quadro se agravou, Barbara foi encaminhada para o pronto-socorro municipal e, em seguida, para a Santa Casa, onde sofreu ao menos 20 paradas cardiorrespiratórias durante a internação e não resistiu.

Segundo o pai, Barbara teria pego uma bactéria que caiu na corrente sanguínea e atacou o intestino. O caso foi tratado como intoxicação alimentar com suspeita de botulismo. Foi colhida amostra do sangue da paciente e encaminhada para exame, em São Paulo. Não há previsão de quando sairá o resultado.

Fiscalização

O médico e vereador Luciano Perdigão tomou conhecimento do caso, porque atendeu a paciente no dia 6 de março, e falou da gravidade na sessão dessa segunda-feira.

Segundo ele, o botulismo é uma doença extremamente grave e não há registros no Estado de São Paulo. Já no Brasil, de 2007 a 2014, foram registrados 114 casos e 35 óbitos.

“Gostaríamos de saber como é feita a fiscalização nos restaurantes, para coibir este tipo de intoxicação alimentar, que pode ser banal, mas pode ser extremamente grave”, afirmou o vereador.

Ainda segundo o parlamentar, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, todos os anos, cerca de 600 milhões de pessoas no mundo adoecem por comerem alimentos contaminados, e 420 mil morrem desta causa.

“Há um crescente número de empresas do ramo alimentício sendo abertas e instaladas na cidade de Araçatuba, o que pode ocasionar dificuldades na fiscalização e, consequentemente, ineficácia na aplicação de penalidades e multas, ou até mesmo falhas que podem trazer um problema realmente sério à saúde pública”, afirmou Perdigão, em seu requerimento.

Questionamentos feitos pelo vereador:

1. Quais órgãos são responsáveis pela fiscalização sanitária de restaurantes em Araçatuba? Com que frequência é realizada?
2. Quais são os principais critérios avaliados durante a fiscalização dos restaurantes? Quais as penalidades para aqueles que não cumprem as normas?
3. Existe um canal de denúncias para que clientes possam relatar irregularidades sanitárias em restaurantes? Como essas denúncias são verificadas?
4. Os estabelecimentos recebem algum tipo de certificação ou selo de qualidade após serem aprovados na fiscalização?
5. Quantos casos de intoxicação alimentar foram notificados de janeiro de 2024 até a presente data? Houve algum óbito decorrente?

O que é botulismo

Segundo o Ministério da Saúde, o botulismo é uma doença neuroparalítica grave, rara, não contagiosa, causada pela ação de uma potente toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum (C botulinum).

A bactéria entra no organismo por meio de ferimentos ou pela ingestão de alimentos contaminados que não têm produção e/ou conservação adequada.

A notificação da doença é compulsória e imediata (em até 24 horas) para que as ações de vigilância sejam realizadas em tempo de prevenir outros casos. A doença pode levar à morte por paralisia da musculatura respiratória.

A toxina botulínica afeta o controle motor e, por essa razão, pode levar a diversas complicações. Ela pode levar à insuficiência respiratória, que, no geral, é a forma mais comum de morte causada por botulismo.