A fila de espera por cirurgias de catarata e pterígio andou para mais 130 pacientes, que foram operados em mutirões nos dias 8, 9 e 15 de maio, na Santa Casa de Araçatuba (SP), pelos oftalmologistas Pablo Sartori Bosco, Heitor de Heitor Duarte e Saulo Sartori Bosco.
Para realizar o mutirão, foram necessárias duas salas de cirurgia e várias equipes de profissionais dentre médicos, enfermeiros, instrumentadores, auxiliares e técnicos de enfermagem e orientadores de trânsito de pacientes.
A maior demanda e tempo de espera foi de pacientes para cirurgias de catarata. No total, 100 pacientes, a maioria de Araçatuba, aguardavam há pelo menos seis meses para realizar o procedimento.
O mutirão, o segundo realizado neste ano pela Santa Casa, também beneficiou pacientes que já haviam operado um dos olhos no mês passado e retornaram para completar a cirurgia.
De acordo com o oftalmologista Pablo Sartori Bosco, a cirurgia realizada de forma alternada é um cuidado necessário em relação à endoftalmite, infecção intraocular de difícil controle que pode acometer rapidamente os dois olhos.
“Por isso, temos a cautela de operar um olho e quando estiver tudo certo, operar o segundo olho, para eliminarmos os riscos”.
A paciente Salete Gomes de Gama, 75 anos, de Araçatuba, operou o olho esquerdo no mês de abril e retornou no dia 8 deste mês para operar o outro “esperando que fique tão bom quanto o olho operado ficou”.
Com planos de “ler, fazer serviços de casa e ser feliz”, a paciente foi uma das primeiras operadas na primeira manhã do mutirão.
“A catarata é uma opacidade que se instala no cristalino, que é a lente biológica do nosso corpo. Quando isso acontece, ocorre uma queda da qualidade da visão, parcial ou total, e temos de encaminhar para cirurgia, pois não há outro tratamento efetivo para essa doença”, explica o oftalmologista Pablo Sartori Bosco, que realiza parte das 500 cirurgias de catarata que a Santa Casa faz por ano.
O especialista explica que a cirurgia consiste em uma troca de lente: “Removemos a lente que está opaca e implantamos uma lente artificial no lugar, restabelecendo a visão do paciente”.
O procedimento dura em torno de 15 minutos e o tempo de pós-cirúrgico e da recuperação da visão depende do grau de cada catarata. “Quanto mais avançada a catarata, mais demorada a recuperação”, explica.
A catarata é uma preocupação de saúde pública e uma das principais causadoras de cegueira no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Apesar de ser considerada uma patologia comum entre os idosos, também está sendo diagnosticada antes da faixa etária acima de 50 anos.
“A doença compromete a qualidade de vida e até atividades simples, porém significativas, para a pessoa. Tive um paciente que o sonho dele era operar e voltar a dirigir para buscar o neto no colégio”.
O paciente Alfredo Pires, 74 anos, de Penápolis (SP), foi operado no primeiro dia do mutirão. Ele contou que durante a semana mora em uma instituição para idosos e nos fins de semana volta para casa.
“Quero voltar a enxergar bem para cuidar das plantas do quintal da minha casa. O quintal é grande e tenho muitas plantações. Quero poder voltar a mexer com as minhas plantas, quero voltar a viver”.
Pterígio
O oftalmologista Saulo Sartori Bosco explica que o pterígio é uma lesão benigna na superfície do olho, que consiste num crescimento fibrovascular triangular se estendendo da conjuntiva para a córnea, geralmente no lado nasal. Conhecido popularmente como carne no olho, “esse crescimento pode tapar a visão, por isso é importante retirá-lo na hora certa”.
A doença, de acordo com o especialista, não acomete uma faixa etária específica, “mas ocorre com maior frequência em pacientes que ficam mais expostos aos raios solares, e o fator genético também implica muito”. Além de vermelhidão nos olhos, os pacientes sentem ardência, coceira, irritação e, em alguns casos mais avançados, uma baixa visual.
A cirurgia dura em torno de dez minutos e consiste na retirada da pele e raspagem da área atingida. “O pós-cirúrgico é um pouco difícil, pois mexemos na córnea que tem muitas terminações nervosas, e o paciente sente desconforto e ardência nos dois primeiros dias. Depois começa a cicatrização e tudo volta ao normal”, explica Saulo Bosco.
No mutirão realizado na Santa Casa, em vez de dar ponto no olho operado, o cirurgião utiliza cola biológica que resulta em um pós-operatório mais confortável.