Após uma árdua luta pela vida, o caminhoneiro araçatubense Josivaldo Barboza Batael, 33, faleceu por volta das 23h30 de quarta-feira, 3, na Santa Casa de Araçatuba (SP), onde estava internado havia cerca de um mês para se tratar de uma infecção provocada pela picada de uma aranha-marrom.
O incidente com o animal peçonhento ocorreu no final de maio deste ano e, no início de junho, precisou ser hospitalizado, conforme noticiou o Radar18, em primeira mão.
O corpo do caminhoneiro está sendo velado na capela da Cardassi da Prestes Maia, em Araçatuba. O sepultamento está previsto para a manhã desta sexta-feira, 4, em Penápolis (SP).
A família e o próprio caminhoneiro não sabem ao certo como tudo aconteceu. A suspeita é que ele tenha sido atacado pelo animal enquanto dormia, em uma das paradas que fazia durante suas viagens, geralmente, embaixo de árvores, próximo a postos de combustíveis.
Como o ar-condicionado de seu caminhão não estava funcionando, ele vinha dormindo de janela aberta, o que facilitou a entrada do animal peçonhento. Como a picada da aranha-marrom não dói, o estrago feito pelo aracnídeo só foi percebido dias depois.
A esposa de Josivaldo, a dona de casa Isabela Cristina Carloto Martins, 28 anos, contou que o esposo passou a sentir muita dor e, durante uma semana, foi ao Pronto-Socorro Municipal Aida Vanzo Dolce. A suspeita era de uma inflamação no nervo ciático e ele foi medicado com dipirona e ibuprofeno.
A dor era tanta que ele não conseguia colocar o pé no chão. A situação se agravou com o inchaço na perna esquerda e o surgimento de bolhas com secreção amarela e mau cheirosa. No pronto-socorro, foi transferido para a Santa Casa e veio o diagnóstico: infecção generalizada.
No dia 30 de maio, quando foi internado, o caminhoneiro apresentava febre alta, confusão mental e alucinações. A infecção também atingiu um dos rins e a bexiga, além do intestino – por causa da lesão, passou a evacuar sangue e desenvolveu uma anemia. Precisou de transfusão de sangue, totalizando cinco bolsas de sangue.
A esposa de Josivaldo contou que os médicos perceberam tratar-se de picada de aranha-marrom por causa dos sintomas e lesões, complicações típicas causadas por aranhas venenosas como a marrom.
Drama
O caminhoneiro apresentou pequena melhora, após tomar altas doses de antibióticos. Mas a perna esquerda continuava inchada, com feridas e bolhas, o que acabou exigindo uma amputação e ele não resistiu.
Para cuidar do esposo, Isabela chegou a deixar os filhos com a sua mãe, em Londrina (PR), e fez campanhas nas redes sociais com pedido de ajuda para custear as despesas de casa, pois a única renda era do marido autônomo.
Aranha-Marrom
A picada da aranha-marrom não dói e, por isso, muitas vezes passa despercebida. A pessoa só percebe a picada por volta de 12 a 24 horas após o acidente, quando aparecem as primeiras alterações na área atingida pelo veneno.
No local da picada podem surgir bolhas, inchaço, coceira, aumento de temperatura e necrose. Esta última ocorre devido à ação do veneno, que destrói as células da área afetada.
Também conhecida como aranha de viúva, é uma das espécies mais temidas no Brasil, devido ao veneno extremamente potente. A picada dela pode causar até falência renal, caso a pessoa não trate adequadamente. Em situações mais graves, a picada pode ser fatal.
Nos primeiros socorros, recomenda-se lavar a área com água e sabão, aplicar gelo para reduzir a dor e procurar atendimento médico rapidamente.
Na natureza, a aranha-marrom é encontrada escondida entre folhas e cascas de árvores e debaixo de pedras. Elas têm preferência por locais escuros. Durante o dia, as aranha-marrons ficam escondidas, sendo ativas durante a noite.
Prevenção
Para evitar acidentes, o Instituto Butantan recomenda algumas medidas de precaução. É importante evitar o acúmulo de entulho e lixo, manter ralos fechados e sacudir roupas e sapatos antes de usá-los. Além disso, deve-se vedar frestas em paredes e combater a proliferação de insetos.