Hugo Motta veta reuniões e trava moções pró-Bolsonaro durante recesso

Duas comissões presididas por parlamentares do PL, partido de Bolsonaro, haviam convocado sessões
© Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
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Em uma medida tomada na manhã desta terça-feira (22), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), proibiu a realização de reuniões de comissões na Casa até o dia 1º de agosto. A decisão inviabilizou uma ofensiva política articulada por deputados do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pretendiam aprovar moções de apoio ao ex-mandatário durante o período de recesso parlamentar.

Duas comissões — a de Relações Exteriores, presidida por Filipe Barros (PL-PR), e a de Segurança Pública, comandada por Paulo Bilynskyj (PL-SP) — haviam convocado sessões para esta terça-feira com pautas específicas em defesa de Bolsonaro. As reuniões contrariavam um comunicado anterior de Motta, que garantira a manutenção das férias parlamentares, apesar de pedidos da oposição para suspender o recesso e retomar as atividades da Casa.

O veto foi publicado oficialmente no Diário da Câmara e teve como justificativa as reformas estruturais em andamento nos corredores e plenários das comissões. No aviso, Motta esclareceu que obras de troca de piso e painéis inviabilizam o uso dos espaços até a retomada dos trabalhos formais, prevista para 4 de agosto. Além disso, o ato foi respaldado pelo regimento da Câmara, permitindo que o presidente da Casa delimite as atividades durante recessos.

A estratégia bolsonarista de usar o recesso para demonstrar força política e apoio ao ex-presidente é uma resposta direta às recentes decisões do Supremo Tribunal Federal. Jair Bolsonaro está sob medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, restrições ao uso de redes sociais, recolhimento noturno e proibição de contato com diversos aliados e diplomatas. As comissões do PL buscavam aprovar moções de repúdio a essas medidas e mobilizar aliados, mas ficaram impedidas pelo novo ato da Mesa Diretora.

Com a ofensiva esvaziada, aliados do ex-presidente avaliam alternativas, como a criação de frentes informais para articulação política e até a convocação de novos atos em defesa de Bolsonaro. Entre os planos para o retorno das atividades parlamentares estão tentativas de pautar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, propor o fim do foro privilegiado e pedir anistia aos investigados nos atos golpistas de janeiro de 2023.

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