Família de Thaís Bonatti pede prisão de juiz aposentado ao Ministério Público

MP é acionado para recorrer de decisão que concedeu liberdade ao juiz responsável pelo atropelamento fatal da ciclista, em Araçatuba.
Sede do Ministério Público em Araçatuba
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Os familiares de Thaís Bonatti de Andrade, ciclista de 30 anos tragicamente morta após ser atropelada por um juiz aposentado em Araçatuba (SP), acionaram o Ministério Público (MP) com um pedido formal para que seja interposto um recurso no Tribunal de Justiça. O objetivo, segundo o advogado da família, o criminalista Maycon Mazziero, é reverter a decisão que concedeu liberdade provisória ao magistrado e solicitar sua prisão preventiva.

O pedido dos familiares de Thaís Bonatti ao Ministério Público reside na solicitação de interposição, pelo MP, de um ”Recurso em Sentido Estrito”, conforme previsto no Artigo 581, inciso V, do Código de Processo Penal. Este artigo estabelece que caberá recurso contra a decisão que indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la.

A família argumenta que a não interposição deste recurso configura um “contrassenso jurídico”, especialmente porque a prisão preventiva foi inicialmente requerida quando Thaís ainda estava viva, com base na gravidade da conduta do juiz.

Com o falecimento da vítima, o quadro se agravou substancialmente, tornando, na visão dos familiares, ainda mais premente a necessidade de uma medida cautelar mais rigorosa.

O pedido dos familiares ao Ministério Público foi protocolado nesta sexta-feira, 1º de agosto, data que, segundo a representação da família, seria o último dia para a interposição do recurso, considerando a audiência de custódia em 25 de julho e os prazos processuais.

Legitimidade

O documento entregue ao MP ressalta que, apesar do agravamento da situação, não houve, até o momento do pedido, qualquer recurso contra a decisão que indeferiu a prisão preventiva.

A família, embora respeitando a autonomia do Ministério Público, enfatiza a legitimidade e a competência do órgão para a adoção da medida, nos estritos termos de seu juízo de conveniência e oportunidade.

O acidente

O trágico acidente que vitimou Thaís Bonatti ocorreu na manhã de 24 de julho de 2025, uma quinta-feira, em Araçatuba, São Paulo. A ciclista, de 30 anos, foi atropelada por um juiz aposentado de 61 anos, que dirigia uma caminhonete Ford Ranger.

Os detalhes que emergiram do caso chocaram a opinião pública: o juiz estava embriagado e, no momento do acidente, uma mulher nua estava em seu colo.

Morte e fiança

Thaís foi socorrida e internada em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu dois dias depois, na madrugada de 26 de julho de 2025, um sábado.

Após o atropelamento, o juiz foi detido, mas liberado após pagar uma fiança de R$ 40 mil.

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