O Pronto-Socorro Municipal (PSM) Aida Vanzo Dolce, de Araçatuba (SP), atendeu 224.136 pessoas em 2024, mas a sua imensa maioria, o equivalente a 218 mil pacientes, não precisava de atendimento de urgência e emergência. A informação é do vereador e médico Luciano Perdigão (PSD), que preside a Comissão Especial de Saúde da Câmara Municipal araçatubense.

Do total de atendidos no PSM, 005% foram pacientes classificados na urgência de cor vermelha, considerada como evidência de morte eminente. Outros 0,51% foram os laranjas, cuja atenção precisa ser dada em menos de 10 minutos. E 22,81% foram os amarelos, cujo atendimento deve ser feito em 40 minutos.

As cores classificam os pacientes dentro do chamado Protocolo de Manchester, que prioriza a gravidade do quadro do doente, com avaliação dos dados vitais e do potencial risco de morte, e não considera a fila por ordem de chegada.

Perdigão calcula que, o montante de atendidos nas cores vermelha, laranja e amarela representam por volta de 6 mil pessoas que, realmente, precisavam estar naquele ambiente de urgência e emergência.

“Nós vemos, hoje, uma atenção especializada em urgência e emergência insuflada, onde um paciente que realmente precisa ou corre risco, acaba se deteriorando em função da superlotação”, afirmou o presidente da Comissão Especial de Saúde da Câmara de Araçatuba, durante a 3ª sessão ordinária do ano, realizada na última segunda-feira, 17.

Segundo o médico, é preciso redirecionar esse nível de atendimento e priorizar protocolos. “Não adianta a gente questionar por que uma senhora de 70 anos está esperando 4 horas no PS por conta de uma dor na coluna de 15 anos. Temos que questionar por que um infarto agudo do miocárdio, que é uma condição que coloca em risco de vida, não foi atendido de forma adequada.

O médico ressalta que se o paciente é ficha azul ou verde, conforme o Protocolo de Manchester, o correto é o redirecionamento dele para a Atenção Primaria, representada pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que são consideradas a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Atenção Primária

O número de atendimentos em Araçatuba no ano de 2024 na Atenção Primária, segundo Perdigão, foi de 258.602 pessoas. Ele ressalta que são nas UBSs onde se fazem a promoção e prevenção em saúde, mas, há, hoje, uma inversão de valores.

“Muitos dos cidadãos que estão na Atenção Primária buscam um atendimento emergencial. E isso acaba deteriorando a longo prazo a saúde da população, porque a Atenção Primária foi criada para atender às doenças crônicas”, explicou.

Ele ressaltou que, atualmente, em Araçatuba, há Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) lotadas de pacientes com complicações de diabetes e hipertensão, o que poderia ser evitado se houvesse uma valorização daquela que é considerada a porta de entrada do SUS, a Atenção Primária.

Pré-Conferências

Considerando os 224.136 atendimentos na urgência e emergência e os 258.602 nas UBSs, o médico afirma que Araçatuba tem quase uma cidade do porte de São José do Rio Preto atendida em um ano por um Sistema de Saúde que, na sua avaliação, está um tanto quanto inadequado e, por isso, precisa mudar.

“Como legislador, precisamos chamar a atenção da população para que nós possamos confecionar essa saúde, que é de extrema importância”, afirmou, ao ressaltar a importância das pré-conferências de Saúde que estão sendo realizadas desde a última segunda-feira, 17, em diferentes regiões de Araçatuba, para ouvir as demandas e sugestões da população.

Para o médico, muito se fala muito e se cobra, mas a participação popular ainda é pequena e é preciso dinamizar isso. “É muito importante, porque o SUS é construído por nós”, frisou.

Ele finalizou dizendo que o fortalecimento das pré-conferências é uma forma de educar a população e de construir uma saúde mais adequada no município.

A próxima pré-conferência será realizada nesta sexta-feira, 21 de fevereiro, das 19h às 21h, na Emeb Anna dos Santos de Barros (Rua Silvio Favarin, 50, Pinheiros).

Na próxima segunda-feira, dia 24 de fevereiro, também das 19h às 21h, o encontro será na Emeb Leila Cristina de Freitas Machado (Rua Patrícia Melo da Silva, 53, Porto Real I); e, no dia 26, é a vez de ouvir a população da zona rural, na Emeb Fernando Gomes de Castro (Estrada Municipal Água Limpa, s/nº)