Escâner corporal impede entrada de entorpecentes em penitenciárias do interior

As apreensões aumentaram significativamente nas unidades que possuem o aparelho
Cela de penitenciária Cela de penitenciária
© Valter Campanato/Agência Brasil
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O escâner corporal tem se mostrado essencial no combate ao ingresso de drogas em penitenciárias do interior de São Paulo, como revelam as apreensões realizadas no último fim de semana. Quatro mulheres foram flagradas tentando entrar com entorpecentes nas unidades de Mirandópolis, Pracinha, Lavínia e Florínea entre os dias 12 e 13 de julho. Os objetos ilícitos estavam escondidos nas regiões íntimas e foram detectados pela tecnologia de escaneamento corporal.

Na Penitenciária II de Mirandópolis, no sábado (12), uma visitante apresentou imagem irregular na região pélvica durante o exame no escâner. Ao ser questionada, ela confessou transportar 61 gramas de uma substância esverdeada, semelhante à maconha. Um procedimento interno foi instaurado e a Polícia foi acionada para registrar o caso.

No dia seguinte, domingo (13), policiais penais de Pracinha identificaram 53 gramas de maconha e cinco folhas de papel de seda com outra mulher. Após ser abordada por conta da imagem suspeita no escâner corporal, a visitante confessou a posse das substâncias e foi conduzida ao Plantão Policial de Adamantina, onde permaneceu à disposição da Justiça.

Em Lavínia, o flagrante foi mais grave: durante a revista na Penitenciária II “Luís Aparecido Fernandes”, a tecnologia identificou invólucros contendo maconha, cocaína e 84 comprimidos de cor bege. A visitante, ao perceber que havia sido detectada, entregou voluntariamente o material. A Polícia Militar foi chamada para levá-la à Delegacia.

Também no sábado, outra mulher foi barrada ao tentar entrar com dois invólucros de maconha escondidos no corpo na Penitenciária de Florínea. O caso também foi detectado com apoio do escâner e encaminhado às autoridades policiais. A unidade, assim como as demais, instaurou procedimento interno para apuração.

Eficácia comprovada

Esses episódios reforçam o papel vital do escâner corporal no sistema prisional. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), penitenciárias com o equipamento viram crescer em até 258% o número de apreensões de materiais ilícitos — só na região de Campinas, esse foi o resultado direto da instalação do escâner. A tecnologia permite identificar invólucros escondidos em roupas íntimas, absorventes e até mesmo dentro do corpo, ampliando a segurança e evitando métodos invasivos como a revista manual.

Apesar da comprovada eficácia, o uso do escâner corporal ainda está longe de ser padrão no estado. Um relatório de 2025 aponta que apenas quatro presídios em São Paulo utilizam o equipamento, três anos após uma lei estadual ter determinado a obrigatoriedade da instalação em todas as unidades. Com isso, 98% das penitenciárias seguem adotando imagens manuais, frequentemente alvo de denúncias por violar a dignidade dos visitantes.

O Ministério da Justiça promete ampliar a distribuição do equipamento, com prioridade para presídios com maior população carcerária e índices elevados de apreensões. Enquanto isso, especialistas e agentes penitenciários apontam o escâner como a solução mais segura e respeitosa para o controle de entrada de ilícitos no sistema prisional paulista, sobretudo em dias de visita.

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