Polícia investiga venda de avião de Gusttavo Lima por R$ 33 milhões duas vezes

Cantor sertanejo é investigado em operação policial por suspeitas de transações irregulares envolvendo venda dupla de aeronaves.
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O cantor Gusttavo Lima está sendo investigado pela Polícia Civil de Pernambuco por envolvimento em transações suspeitas envolvendo a venda de um avião de sua empresa, Balada Eventos e Produções. A investigação faz parte da Operação Integration, que visa apurar crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa, envolvendo 53 alvos em todo o Brasil. O indiciamento de Gusttavo Lima foi formalizado em 15 de setembro e agora cabe ao Ministério Público decidir se prossegue com a denúncia.

De acordo com a polícia, entre 2023 e 2024, a mesma aeronave foi vendida duas vezes, envolvendo valores milionários. A primeira transação ocorreu com a Sports Entretenimento, empresa de Darwin Henrique da Silva Filho, por US$ 6 milhões. A segunda venda, realizada no ano seguinte, foi feita para a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, por R$ 33 milhões. A polícia afirma que ambas as negociações levantam suspeitas, principalmente pela falta de transparência e a ausência de documentos que comprovassem reparos na aeronave após a primeira venda.

A primeira negociação foi cancelada em um curto período de tempo, com Darwin Filho alegando problemas técnicos na aeronave. O contrato e o distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023, enquanto o laudo apontando uma falha mecânica só foi registrado no mês seguinte. A venda subsequente para Rocha Neto também foi marcada por irregularidades, uma vez que não havia qualquer comprovação de que o problema no avião havia sido resolvido antes da segunda transação. Além disso, o helicóptero envolvido na negociação, que também pertencia a Gusttavo Lima, retornou para o cantor como parte do pagamento.

Segundo a investigação, o esquema envolvia o uso de dinheiro de origem ilícita, proveniente de jogos ilegais, como o jogo do bicho e apostas online, misturado a valores lícitos para “limpar” os recursos. A polícia aponta que esse tipo de transação é uma forma comum de lavagem de dinheiro, tornando difícil o rastreamento dos recursos, especialmente em negócios que incluem múltiplas pessoas físicas e jurídicas.

A defesa de Gusttavo Lima nega qualquer irregularidade e alega que as negociações foram realizadas de maneira lícita, com os contratos devidamente registrados e os pagamentos feitos em contas bancárias normais. Além disso, a defesa enfatiza que os contratos foram firmados em nome das empresas com seus representantes legais, o que, segundo eles, afasta a possibilidade de lavagem de dinheiro. Darwin Filho também negou envolvimento com atividades ilegais e afirmou que a compra e o cancelamento do avião ocorreram de maneira legítima e transparente.

Além das transações das aeronaves, o cantor também é investigado por seu suposto envolvimento com a empresa Vai de Bet, especializada em apostas esportivas e alvo de outras investigações. Documentos encontrados pela polícia indicam que Gusttavo Lima teria uma participação de 25% na empresa, o que ele nega, afirmando que apenas possuía um contrato que lhe garantiria uma porcentagem em caso de eventual venda da marca.

A Operação Integration também apura uma viagem de Gusttavo Lima à Grécia, onde ele estava acompanhado de Rocha Neto e sua esposa, Aissla, ambos investigados e com prisão decretada. A suspeita é de que Gusttavo teria ajudado o casal a escapar da polícia, dando carona a eles em seu avião particular até a Europa. A prisão preventiva de Gusttavo foi decretada em 16 de setembro por suposta ajuda a foragidos, mas acabou sendo revogada em segunda instância menos de 24 horas depois.

O caso permanece em investigação, e as autoridades continuam analisando as transações financeiras e os contratos do cantor e de seus associados. Gusttavo Lima, que até então desfrutava de uma carreira sólida no cenário sertanejo, agora enfrenta um momento de incerteza, com a possibilidade de um processo judicial e as repercussões para sua imagem pública.

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