A mãe de um adolescente que estava em condições de saúde precárias e precisava de atendimento médico especializado agrediu e fez ameaças a um conselheiro tutelar que acompanhava o caso e tentava convencê-la da necessidade de levar o garoto, de 17 anos, para a Santa Casa de Araçatuba (SP), para avaliação médica. A mulher acabou presa pela Polícia Militar por desacato, desobediência, resistência, lesão corporal e omissão de socorro. O caso aconteceu na tarde dessa sexta-feira, 15 de novembro, no bairro Beatriz, em Araçatuba (SP).
O conselheiro tutelar Maurício Dario já tinha ido à casa do adolescente na tarde de quinta-feira (14), acompanhado de policiais militares e da Guarda Municipal, depois de ser comunicado por funcionários da UBS (Unidade Básica de Saúde) do São José que familiares do menino não aceitaram que ele passasse por tratamento específico naquele equipamento de saúde.
O garoto necessita de cuidados médicos, pois fora atropelado por um ônibus, recentemente, e encontra-se em quadro clínico debilitado, com dificuldade para se comunicar e andar, por conta do traumatismo craniano que sofreu.
Agressão, desacato e ameaça
Ao se dirigir à casa do garoto, na quinta-feira, o conselheiro pediu apoio do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para conduzir o adolescente à Santa Casa, para avaliação médica, e contou também com apoio da Guarda Municipal para garantir a segurança durante a operação.
Na residência do adolescente, o conselheiro foi recebido pela mãe do adolescente. Ela se mostrou resistente ao cumprimento da medida e passou a a fazer alegações contra o conselheiro, desacatando-o. O conselheiro tutelar contou à Polícia Civil, em boletim de ocorrência, que levou um tapa no rosto e foi ameaçado de morte pela mãe e padrasto do menino.
“A Guarda Municipal, que estava presente para garantir a segurança, não interveio de forma eficaz e eu acabei sendo agredido pela mãe do adolescente, no desempenho da minha função de conselheiro”, afirmou Maurício Dario.
Nova tentativa
Por causa disso, a condução do adolescente para avaliação médica não foi realizada naquele momento. Nessa sexta-feira, o conselheiro tutelar retornou à casa do menino acompanhado da Polícia Militar.
A mãe do garoto, mais uma vez, se recursou a permitir que o filho fosse levado à Santa Casa. Durante a abordagem, ela foi informada que poderia ser presa por desobediência e desacato, ao que respondeu: “Me prenda, então”.
Conforme relatado em boletim de ocorrência, para entrar na casa, foi necessária a intervenção policial, com uso de força moderada para contê-la. Devido à resistência da mãe, um sargento da PM que acompanhava a ocorrência sofreu escoriações no cotovelo esquerdo. Diante da situação, a mãe foi imobilizada e algemada, para garantir a integridade física dela e dos policiais.
Ao realizar o acolhimento do adolescente, a equipe constatou que a residência se encontrava em condições precárias, com fezes de cachorro espalhadas por todo o interior da casa e no quintal.
Além disso, segundo o conselheiro tutelar Maurício Dario, os cuidados prestados ao adolescente estavam sendo negligenciados. O menino foi retirado da casa e levado à Santa Casa, onde o médico que o atendeu constatou que ele se encontrava em situação de desnutrição e desidratação. Durante o atendimento, o garoto relatou que “estava com fome”.
A mãe do adolescente, assim como o policial que sofreu escoriações, foram encaminhados ao pronto-socorro municipal. Na sequência, a mulher, detida, foi levada ao plantão policial, onde foi elaborado um boletim de ocorrência por desacato, resistência, desobediência, lesão corporal e omissão de socorro contra ela.
Após prestar depoimento, a mulher foi liberada. Já o garoto permanece sob cuidados médicos.
