Médico alerta sobre importância do pré-natal para redução de nascimentos prematuros

Neonatologista Anderson Dutra afirma que muitos casos poderiam ser prevenidos “se as gestantes recebessem mais atenção durante a gravidez" - Foto: Divulgação
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“Quando nasce um bebê prematuro, ele precisa de todo o suporte para sobreviver, especialmente se for um prematuro extremo. Nosso desafio começa aí, mas poderia ser evitado com um cuidado adequado durante a gestação.”  É assim que o professor doutor Anderson Dutra, responsável técnico pelo Serviço de Neonatologia Intensiva da Santa Casa de Araçatuba, define a importância do exame pré-natal.

O alerta é para destacar no  Dia Mundial da Prematuridade, celebrado neste domingo (17), a expressiva taxa de nascimentos de bebês prematuros, muitos dos quais em prematuridade extrema, ou seja, que nascem antes de 28 semanas de idade gestacional. São bebês que nascem pensando menos de um quilo e dependem da excelência médica e demais profissionais multidisciplinares e de estrutura tecnológica avançada, até para aprenderem a respirar.

O especialista explica que muitos desses casos poderiam ser prevenidos “se as gestantes recebessem mais atenção durante a gravidez”, com os pré-natais recomendados pelos órgãos de Saúde. Pré-natal é o acompanhamento médico que as gestantes realizam ao longo da gravidez para monitorar o desenvolvimento do bebê e garantir a saúde da mãe. É um dos pilares para garantir uma gestação saudável e um parto tranquilo.

“O ideal seria que todas as gestações chegassem a termo, mas estamos vendo um número crescente de nascimentos prematuros por falta de cuidados adequados nas fases iniciais da gravidez”, afirma o especialista, que lida diariamente com as dificuldades que esses bebês enfrentam. “A imaturidade do organismo torna cada dia de vida um desafio. Muitos ficam internados por mais de 50 dias e enfrentam riscos significativos de sequelas futuras”, acrescenta.

Atualmente, a Santa Casa atende em média de 170 a 200 partos por mês, e entre 18% a 20% dos nascimentos são de bebês prematuros. O índice de prematuridade extrema, aqueles que nascem com menos de 28 semanas, atinge cerca de 8% desses casos, um número preocupante que exige atenção redobrada dos serviços de saúde pública na região.

Gestações de alto risco

As altas taxas de nascimentos prematuros registradas na Santa Casa de Araçatuba também estão associadas aos partos decorrentes de gestações de alto risco realizados no hospital que é referência desta especialidade para os 40 municípios da região. 

Uma gestação de alto risco é aquela em que a saúde ou a vida da mãe, do feto ou do recém-nascido têm um maior risco de serem afetadas do que a média da população. Decorrem de vários fatores. No perfil dos atendimentos prestados pela Santa Casa de Araçatuba, destacam-se comorbidades anteriores ou adquiridas no período gestacional e gravidez tardia ou precoce.

A importância do pré-natal de qualidade

De acordo com Dutra, um dos principais problemas é a falta de atenção primária adequada. Ele ressalta que “muitas gestantes não têm acesso ao número ideal de consultas de pré-natal ou são acompanhadas por profissionais que não estão suficientemente preparados para identificar os riscos de um parto prematuro”.

O especialista argumenta que o pré-natal é a principal ferramenta para prevenir a prematuridade. “Idealmente, cada gestante deveria ter pelo menos seis consultas durante a gravidez, realizadas por ginecologistas e obstetras”, informa.

Para o especialista, a solução passa por fortalecer os cuidados primários nas cidades atendidas pelo hospital. “Com uma atenção adequada desde o início, poderíamos evitar muitas complicações. Hoje, temos bebês que nascem com menos de 1 kg, com chances maiores de sequelas pulmonares e neurológicas. Precisamos mudar isso”, diz.

Além do pré-natal, Anderson Dutra destaca que a infraestrutura e a equipe multiprofissional da Santa Casa são essenciais para garantir a sobrevivência desses bebês. “Temos neonatologistas especializados, além de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e cirurgiões pediátricos que acompanham cada caso. Mas o ideal seria que esses bebês não precisassem passar por isso.”

Um desafio coletivo

No Dia Mundial da Prematuridade a mensagem, de acordo com Dutra, é clara: prevenir é a melhor forma de cuidar. E isso só será possível com investimentos em educação e uma mudança na forma como os municípios da região tratam a saúde das gestantes.

“As prefeituras precisam garantir que as mulheres tenham acesso ao pré-natal de qualidade logo que descobrem a gravidez. Isso é um trabalho coletivo, que envolve a educação e a sensibilização das equipes de saúde para identificar e tratar os casos de risco precocemente”, reforça.

O especialista destaca o empenho da Santa Casa de Araçatuba em oferecer um atendimento de excelência aos recém-nascidos prematuros. “Contamos com uma equipe especializada e uma estrutura adequada para cuidar desses bebês, que exigem atenção integral e contínua. Nosso trabalho é garantir que eles tenham o suporte necessário para crescerem saudáveis”, afirma ao reconhecer, que “o hospital tem investido em tecnologia e capacitação para acompanhar as necessidades específicas de cada caso, reforçando seu compromisso com a vida e com o futuro dessas crianças”.

Investir no pré-natal é investir na vida, reforça o especialista ao afirmar que  “o futuro desses bebês, e de muitas famílias, depende de um cuidado preventivo e de ações coordenadas para reduzir os índices de prematuridade extrema”.

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