O professor investigado por possíveis abusos sexuais contra crianças, em uma escola municipal de Araçatuba (SP), se apresentou na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na manhã desta quinta-feira (21). A prisão temporária dele havia sido decretada na segunda-feira, 18 de novembro.
O homem se apresentou acompanhado de um advogado, mas declarou que irá se manifestar apenas em juízo.
O caso veio à tona no dia 30 de outubro, quando pais de alunos procuraram a coordenação da escola para denunciar o profissional, que foi afastado de suas funções.
As denúncias também foram feitas à Polícia Civil, às Secretarias Municipais de Educação e Cultura, ao Conselho Tutelar e ao Comdica (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente).
Conforme os pais ouvidos pela reportagem, pelo menos 17 crianças teriam sido vítimas de abusos por parte do professor. Elas têm entre 7 e 12 anos de idade.
Crianças foram ouvidas
As denúncias surgiram após um dos alunos contar para a mãe que um professor teria passado a mão em suas partes íntimas e nas de outros dois meninos.
As outras mães, ao tomarem conhecimento do fato, conversaram com os seus filhos, que confirmaram que vinham sendo molestados pelo professor.
Elas levaram o caso ao conhecimento da coordenação da escola, que também ouviu as crianças, por meio de um serviço de escuta especializada, conforme prevê a Resolução 05/2022, do Comdica (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). Novamente, os meninos confirmaram os abusos.
Uma das mães relatou à reportagem que seu filho contou para ela que o professor retirava as crianças da sala de aula e as levava para outro local, onde não havia câmeras de monitoramento. Lá, pegava nas partes íntimas das crianças e as obrigava a fazerem o mesmo com ele.
Ela disse, ainda, que o professor oferecia gelinho e presentes às crianças. “Um dia, meu filho apareceu com um relógio em casa e eu perguntei de quem era. Quando soube que era do professor, liguei para ele e disse que devolveria”, contou.
A mãe registrou boletim de ocorrência e o garoto passou por exame de corpo de delito, que constatou a ausência de conjunção carnal.
Mudanças no comportamento
A mulher conta que percebeu mudanças no comportamento do filho, que passou a urinar na cama, ficou triste e introspectivo, acordava vomitando, deixou de se alimentar direito e reclamava de constantes dores de cabeça.
“Levei meu filho no médico, mas ele não tinha nada fisicamente, o problema era psicológico mesmo”, afirmou.
Um pai ouvido pela reportagem disse que seu filho passou pela mesma situação, mas ficou com receio de contar, porque recebia ameaças do professor. “Ele dizia às crianças que, se contassem, iriam apanhar dos pais e que os mesmos iriam morrer”.