Qual a ligação de Noel Rosa, o Poeta da Vila, com Araçatuba? A maioria pode responder que ele dá nome a uma rua no bairro Rosele, homenagem merecida a um dos maiores sambistas que o Brasil já viu. Mas não é apenas isso. O pai do compositor e cantor morou na Terra dos Araçás quando esta tinha apenas oito anos de fundação.
O comerciante e agrimensor Manuel Garcia de Medeiros Rosa, pai de Noel, viveu em Araçatuba em 1914, depois de eclodir a Primeira Guerra Mundial, conflito que fez seu negócio, uma camisaria, desandar e falir, no Rio de Janeiro, capital fluminense.
No Noroeste Paulista, o pai de um dos maiores gênios da música brasileira trabalhou em fazendas como agrimensor, na época em que Araçatuba vivia o Ciclo Econômico do Café.

Nos idos da década de 1910, a cidade tinha meia dúzia de grandes fazendas, cujas terras foram vendidas pelo pioneiro Manoel Bento da Cruz, conforme o historiador Euclides Paes de Almeida.
Na época, Noel era ainda um garotinho, tinha quatro anos incompletos – nasceu em 11 de dezembro de 1910, tendo como marca o afundamento no maxiliar inferior, defeito advindo de um parto difícil, feito à fórceps.
O pai veio sozinho e o menino permaneceu com a mãe, Marta de Medeiros Rosa, e o irmão, Hélio, um ano mais novo, na capital fluminense.
Enquanto o pai se aventurava em terras localizadas no interior paulista, a mãe criava o Externato Santa Rita de Cássia, na Vila Isabel, para ajudar no sustento da família.
Não há muita informação sobre a rápida passagem de Manoel Medeiros Rosa por Araçatuba. Ela é citada, no entanto, em um fascículo que integra a coleção “Nova História da Música Popular Brasileira”, da Abril Cultural, datada de 1976.
Já a história do filho famoso a maioria conhece: Noel trocou a medicina pela boemia e o Brasil perdeu um médico (possivelmente um mau médico) para ganhar um excelente sambista, que apesar do pouco tempo que teve de vida (27 anos), deixou um total de mais de 250 canções.
Dentre elas, está “Feitiço da Vila”, na qual eternizou a sua querida Vila Isabel: “…São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba…”
