Tumulto e bate-boca marcam votação de moção de apoio a Eduardo Bolsonaro na Câmara

Líderes de esquerda se manifestaram contrários à moção na galeria do Legislativo; sessão precisou ser suspensa por sete minutos.
Compartilhe

Tumulto e bate-boca marcaram a votação da moção de apoio ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL), “em defesa das prerrogativas parlamentares, da liberdade de expressão e da estabilidade institucional”, durante a 13ª sessão ordinária do ano da Câmara Municipal de Araçatuba (SP), realizada nesta segunda-feira, 28.

A matéria, de autoria do vereador João Pedro Pugina (PL), provocou protesto na galeria da Casa Legislativa. Os manifestantes estavam munidos de cartazes com dizeres como “Enquanto a cidade afunda, a Câmara manda um abraço para o Eduardo Bolsonaro” e ” E o transporte, vereador? A cidade com tanta demanda e você faz isso?.

Por causa do tumulto, a sessão precisou ser suspensa e demorou sete minutos para ser retomada, até que os ânimos se acalmassem. Entre os manifestantes estavam o professor Matheus Lemes, presidente do PSOL, o também professor Diego Nagate (PSB) e a líder partidária Adriana Lopes (PT).

Da galeria, eles se dirigiam ao autor do projeto, demonstrando a insatisfação com a votação da moção que, para eles, não deveria ter sido sugerida pelo vereador.

“A cidade tem outras inúmeras prioridades, a saúde continua precária, temos a discussão do transporte público, há professores insatisfeitos com a educação em Araçatuba e uma votação como esta vai contra os anseios da população”, afirmou Matheus Lemes.

De outro lado, Pugina respondia com frases como: “Estão querendo silenciar o vereador mais votado de Araçatuba” e “Quem defende bandido são os partidos de esquerda”, fazendo referência ao presidente Lula (PT).

Com a sessão suspensa, a presidente da Casa, Edna Flor (Podemos), e o vice, Fernando Fabris (PL), deixaram a Mesa Diretora e foram até a galeria para dialogar com os manifestantes.

Amizade e cerceamento

Pugina disse que nunca escondeu sua amizade com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que recentemente se licenciou da Câmara dos Deputados e se mudou com a família para os Estados Unidos.

“Seria hipocrisia negar esta amizade. A moção não tem como propósito apenas apoiar um deputado que está perdendo os seus direitos políticos, ela é contra o cerceamento político, o cerceamento da liberdade de expressão de um parlamentar”, disse.

O vereador do PL também citou a intimação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por uma oficial de Justiça, no hospital. “Isso ultrapassa os limites do bom senso e da humanidade. Isso é intimidação e humilhação travestidas de legalidade”, disse.

Aprovada por oito votos a seis

Ao final, a moção foi aprovada por oito votos a seis. Os votos favoráveis foram dos vereadores Arlindo Araújo (Solidariedade), Carlinhos do Terceiro (Republicanos), Fernando Fabris (PL), Hideto Honda (PSD), João Moreira (PP), João Pedro Pugina (PL), Rodrigo Atayde (PRTB) e Sol do Autismo (PL).

Os votos contrários foram dos parlamentares Damião Brito (Rede Sustentabilidade), Denilson Pichitelli (Republicanos), Ícaro Morales (Cidadania), Luciano Perdigão (PSD), Luís Boatto (Solidariedade) e Gilberto Batata Mantovani (PSD).

A presidente da Casa só vota em projetos como a moção em caso de desempate, por isso a votação ficou em oito votos favoráveis e seis contrários.

Compartilhe