Araçatuba unifica sedes dos Conselhos Tutelares; vereador questiona

Os dois Conselhos Tutelares de Araçatuba agora funcionam no prédio da Secretaria Municipal de Participação Cidadã (Rua Chiquita Fernandes, 45).
Um dos Conselhos Tutelares de Araçatuba funcionava em prédio da rua José Pedro dos Santos
Compartilhe

Uma resolução do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica) unificou as sedes dos dois Conselhos Tutelares de Araçatuba (SP), que passaram a atender no mesmo prédio, onde funciona também a Secretaria Municipal de Participação Cidadã (Rua Chiquita Fernandes, 45, Vila São Paulo).

A mudança passou a valer no dia 10 deste mês, quando foi publicada no Diário Oficial do Município a Resolução nº 03/25, assinada pela presidente do Comdica, Maria Zilma Corrêa Dornelas.

Araçatuba passou a ter dois Conselhos Tutelares em janeiro de 2024 e, desde então, cada um funcionava em um endereço, de acordo com uma divisão feita a partir dos territórios dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

Um deles funcionava em um prédio na rua José Pedro dos Santos, 385, Centro, para atender o público referenciado nos Cras do Centro, Umuarama e do Jussara (zonas Sul, Leste e Sudeste do município).

O outro, na avenida Prestes Maia, 239, bairro Planalto, atendia o público referenciado nos Cras dos bairros TV, São José e Etemp, englobando as regiões Norte, Oeste e Noroeste da cidade.

Reclamações

A decisão de manter os dois Conselhos Tutelares em um só lugar, segundo a Resolução do Comdica, deve-se, dentre outros fatores, a reclamações das escolas municipais. Elas alegam que a divisão dos Conselhos trouxe prejuízos aos atendimentos de crianças e adolescentes, pois o conselheiro tutelar da escola é um e o da moradia da criança é outro.

O documento cita, ainda, que nem todos os conselheiros tutelares conseguem cumprir a lei municipal nº 7.536/2013, que estabelece a compensação das horas trabalhadas em plantões noturnos no primeiro dia útil subsequente. “Ficou evidente que nem todos conseguem cumprir a lei”, enfatiza a Resolução.

Outras alterações

Além de manter os dois Conselhos Tutelares em uma única sede, a norma publicada pelo Comdica estabelece que os plantões noturnos semanais e de finais de semana serão realizados de maneira rotativa, com escala previamente estabelecida pelos coordenadores.

Além disso, as demandas oriundas das escolas municipais, estaduais e particulares deverão obedecer a divisão prevista no artigo 7º da lei municipal nº 7.536/2013, que estabelece a configuração geográfica das respectivas áreas de atuação de cada Conselho Tutelar.

Nos casos de evasão escolar, deverá ser considerado o território da escola onde a criança estuda. Já os que envolvam violência contra a criança e o adolescente deverá ser considerado o território onde ela reside.

As demandas deverão ser recebidas pelos coordenadores e estes deverão distribuir aos conselheiros na forma de rodízio. Os coordenadores deverão prezar pela igualdade na distribuição.

Questionamentos na Câmara

O vereador Luís Boatto (Solidariedade) questionou a unificação da sede dos dois Conselhos Tutelares de Araçatuba em requerimento aprovado durante a 17ª sessão ordinária do ano da Câmara Municipal, realizada na última segunda-feira, 26.

“Quero entender o que aconteceu. Os conselheiros não foram ouvidos, a população não ficou sabendo da mudança, não houve aviso. A gente não entende qual foi a justificativa para essa decisão”, afirmou.

Em seu requerimento, o vereador questiona:

  • 1. Qual foi a justificativa técnica e administrativa para a unificação das sedes dos Conselhos Tutelares I e II em um único endereço?
  • 2. Houve estudo de impacto ou consulta pública sobre os efeitos dessa unificação no atendimento à população?
  • 3. Quais foram os critérios considerados para a nova divisão territorial das atribuições dos conselheiros tutelares?
  • 4. Como está estruturado o novo espaço físico? Existem salas adequadas e suficientes para garantir atendimentos simultâneos e preservação da privacidade das crianças e dos adolescentes, conforme preveem as resoluções do CONANDA?
  • 5. O Município possui registro de reclamações ou redução do número de atendimentos após essa mudança?
  • 6. Há previsão de revisão dessa decisão ou possibilidade de retorno ao modelo anterior, com sedes distintas?
  • 7. Por qual motivo a população não foi informada previamente sobre essa mudança estrutural no atendimento dos Conselhos Tutelares? Por que não houve divulgação pública nem ampla comunicação institucional sobre a unificação das sedes e a nova organização dos serviços?

Compartilhe