O ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu na tarde desta quinta-feira (5) à sede da Polícia Federal, em Brasília, para prestar depoimento no inquérito que apura a suposta atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto a autoridades norte-americanas com o objetivo de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro chegou ao local por volta das 14h40, sem conceder declarações à imprensa.
A investigação foi instaurada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que identificou indícios de que o ex-presidente possa ter sido beneficiado diretamente pelas ações do filho. Um dos pontos investigados é a declaração de Jair Bolsonaro sobre seu envolvimento no custeio da permanência de Eduardo nos Estados Unidos.
Segundo a PGR, Eduardo Bolsonaro teria buscado apoio entre aliados do ex-presidente Donald Trump para influenciar o governo norte-americano a impor sanções contra ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes. As autoridades apontam que tais ações podem configurar crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigações e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito.
A oitiva de Bolsonaro foi autorizada por Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. Também estão previstos depoimentos de diplomatas brasileiros que atuam nos Estados Unidos e de parlamentares brasileiros, entre eles Lindbergh Farias (PT-RJ), que solicitou apuração formal da Câmara dos Deputados.
Em março deste ano, Eduardo Bolsonaro anunciou licença de seu mandato e mudança para os Estados Unidos. Desde então, tem feito críticas públicas ao STF, com declarações que, segundo a PGR, têm caráter intimidatório e visam influenciar investigações em curso contra o ex-presidente e seus aliados.
O andamento do inquérito poderá impactar diretamente a situação política e jurídica de Jair Bolsonaro, que já responde a outras investigações no Supremo relacionadas aos atos de 8 de janeiro e à tentativa de desacreditar o sistema eleitoral.