EUA iniciam investigação contra o Brasil com críticas ao comércio digital e ao Pix

Entre as alegações, os Estados Unidos sustentam que o Pix representaria uma prática desleal
Foto: Divulgação
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a abertura de uma investigação comercial formal contra o Brasil, intensificando a disputa bilateral ao destacar o Pix como um dos principais pontos de discordância. O procedimento foi anunciado na terça-feira (15) pelo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, e vem na esteira da ameaça de aplicar uma tarifa adicional de 50% a todas as exportações brasileiras destinadas ao mercado americano a partir de agosto.

A medida faz parte de uma série de ofensivas do governo Trump em busca de redefinir as regras do comércio internacional, sob o argumento de “práticas desleais” praticadas por parceiros comerciais dos Estados Unidos. O relatório do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) identifica o Pix como exemplo de favorecimento estatal ao setor financeiro brasileiro, prejudicando empresas privadas americanas do setor de pagamentos, incluindo gigantes como Visa e Mastercard. O documento também critica barreiras impostas a empresas de redes sociais sediadas nos EUA e normas brasileiras de proteção de dados pessoais, que dificultariam operações das chamadas big techs.

Segundo a nota oficial, a investigação vai abarcar seis frentes: comércio digital e serviços eletrônicos de pagamento (com destaque ao Pix), tarifas preferenciais para parceiros de fora dos EUA, enfraquecimento no combate à corrupção, proteção à propriedade intelectual, barreiras ao etanol americano e desmatamento ilegal. Os americanos alegam que o Brasil confere tarifas inferiores para países como México e Índia em milhares de produtos, prejudicando exportadores norte-americanos.

O governo brasileiro reagiu de imediato. Em nota, repudiou o que classificou como “intromissão indevida” dos EUA em assuntos internos e defendeu o Pix como iniciativa de inclusão financeira que dinamizou a economia nacional. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil irá trabalhar para reverter o tarifaço, cogitando inclusive acionar órgãos de comércio internacional para contestar as medidas impostas por Washington.

A escalada de tensões acontece em um momento delicado das relações entre Brasil e Estados Unidos, historicamente parceiros comerciais relevantes. O debate sobre o Pix tornou-se simbólico: além de sua adoção massiva pelo público brasileiro, o sistema é visto por autoridades nacionais como um avanço na democratização do serviço financeiro. Para os americanos, porém, o incentivo estatal ao Pix seria um tropeço na concorrência justa, impondo barreiras a outros métodos de pagamento controlados por empresas estrangeiras.

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