O agronegócio brasileiro enfrenta uma ameaça bilionária com a imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre uma série de produtos do setor. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o impacto da medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode representar um corte de até US$5,8 bilhões nas exportações brasileiras em 2025.
Segundo a CNA, a estimativa considera uma redução de 48% nos embarques ao mercado norte-americano — que movimentaram US$12,1 bilhões em 2024. Produtos tradicionalmente exportados pelo Brasil, como suco de laranja, etanol, carne bovina, açúcar e madeira, estão entre os mais ameaçados. Para algumas dessas commodities, as vendas ao exterior podem ser praticamente zeradas, caso a tarifa seja integralmente repassada aos preços dos produtos nos Estados Unidos.
O cálculo da entidade leva em conta a sensibilidade dos consumidores norte-americanos ao aumento de preços, especialmente em setores como bebidas e derivados de madeira. O suco de laranja, por exemplo, rendeu quase US$800 milhões em 2024, mas pode perder competitividade diante do novo cenário tarifário. Setores como o etanol podem ter retração de até 71% nas exportações, enquanto carne bovina e açúcar podem amargar perdas próximas a 33%.
A medida faz parte de uma estratégia do governo Donald Trump de intensificar políticas protecionistas e buscar maior proteção à indústria nacional dos EUA, em meio a tensão comercial global. A CNA destaca que, além do impacto imediato sobre a balança comercial brasileira, o tarifaço pode desarticular cadeias produtivas nacionais e gerar efeito cascata sobre postos de trabalho ligados ao agronegócio.
Diante da falta de canais de negociação abertos com o governo norte-americano, exportadores avaliam buscar outros mercados, principalmente nas regiões da Ásia, África e Américas. O setor agropecuário também pressiona o governo brasileiro a redobrar esforços diplomáticos para minimizar os prejuízos e diversificar parcerias comerciais estratégicas.