MP arquiva denúncia contra PMs que queimaram cruz em Rio Preto

O caso teve origem em abril de 2025, quando vídeo publicado no Instagram do Baep mostrou 14 policiais queimando cruz
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O Ministério Público arquivou a denúncia contra os policiais militares do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto que participaram do vídeo onde queimavam uma cruz. Segundo apurado junto ao promotor de Justiça Sérgio Clementino, o arquivamento ocorreu na esfera cível, que não analisa obrigações e direitos entre pessoas físicas e jurídicas, excluindo crimes e infrações administrativas.

O caso ganhou repercussão nacional em abril de 2025, quando as imagens foram publicadas no Instagram do Baep e geraram críticas intensas entre os internautas. O vídeo mostrava uma cruz em chamas, uma trilha com velas e um brasão de fogo no chão com a palavra “Baep”, com pelo menos 14 policiais ao redor.

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) encaminhou uma denúncia à Organização das Nações Unidas (ONU) relacionada à conduta dos policiais militares. Na denúncia, a CNDH mencionou que existiam semelhanças entre os gestos praticados pelos PMs e as ações de colocar fogo em uma cruz, comparando-as a saudações nazistas e ao ritual da “Ku Klux Klan” dos Estados Unidos.

Segundo a denúncia encaminhada às Nações Unidas, havia correlação do vídeo com rituais supremacistas, já que “historicamente, a queima de cruzes significa um ato de intimidação contra minorias, incluindo pessoas negras, judeus e imigrantes”. Internautas também relacionaram os gestos dos policiais, que apareciam com o braço erguido na altura do ombro, a saudações nazistas.

À época da polêmica, a Polícia Militar justificou que o vídeo mostrava a cerimônia de encerramento de um treinamento noturno, com o intuito de representar simbolicamente a superação dos limites físicos e psicológicos enfrentados, negando qualquer intenção de associar a ideologias políticas, raciais ou religiosas.

O comandante do batalhão, tenente-coronel Costa Junior, afirmou que esse ato era considerado rotineiro dentro da corporação, sendo uma “entrega de braçais” para valorizar o empenho e o esforço que os policiais dedicaram ao longo do período de estágio. Segundo ele, os elementos que faziam parte da cerimônia tinham uma simbologia dentro dos princípios da Polícia Militar.

Devido à repercussão negativa na web, o vídeo da cerimônia foi apagado do Instagram do Baep pouco tempo depois de ter sido publicado. A corporação disse que investigaria as circunstâncias da produção dos vídeos e completou que repudiava qualquer alusão a símbolos nazistas, bem como qualquer manifestação de intolerância, preconceito ou discriminação.

O Ministério Público havia iniciado investigação sobre o caso em abril, dando prazo de dez dias ao comando do Baep para prestar esclarecimentos. Agora, com o arquivamento na esfera cível, o caso não seguirá para análise criminal, encerrando formalmente a investigação ministerial sobre a conduta dos policiais envolvidos no vídeo polêmico.

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