Considerado como uma das pessoas mais inteligentes da história, Albert Einstein declarou que não acreditava num Deus “pessoal” e criador de tudo, mas tinha admiração pelo “Deus de Espinosa”. Mas, que Deus seria esse, então? Pois bem, falemos um pouco de fé ou sobre a ausência dela.
Na Grécia Antiga, adotava-se o politeísmo: os deuses gregos eram divindades retratadas com formas humanas, viviam no Monte Olimpo e interagiam com humanos.
Os mais conhecidos são Zeus – Rei dos deuses, Hera – Rainha dos deuses, Poseidon – Deus dos mares, Atena – Deusa da sabedoria, Ares – Deus da guerra, dentre muitos outros deuses da mitologia grega.
Na religião judaico-cristã Deus é criador do universo, da terra, do céu, dos mares, do ar e em especial do ser humano, animais e plantas. Gênesis (que significa a origem ou a criação), primeiro livro da Bíblia e do Antigo Testamento, narra as histórias da criação do mundo, a origem do pecado e do homem, com Adão e Eva, além de outros patriarcas.
O Islamismo é também uma religião monoteísta que considera Deus (Alá) como o criador do Universo, sendo ele onipotente, onisciente e misericordioso, como o Deus judaico-cristão. O livro sagrado do Islão é o Alcorão, enquanto o do Judaísmo é a Torá (Pentateuco), composta pelos cinco (penta) primeiros livros da Bíblia Hebraica (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
Já o hinduísmo é uma religião politeísta, com diversas divindades, em especial a trindade Brahma, Vishnu e Shiva. O Budismo, por sua vez, não se fundamenta num Deus Criador, sendo os seus ensinamentos advindos de Buda (Siddhartha Gautama), com princípios pela busca da autotransformação humana e iluminação (estado de Nirvana).
O espiritismo, doutrina criada por Allan Kardec no século XIX, baseada em princípios religiosos, filosóficos e científicos, prega a evolução do espírito e a possibilidade de comunicação com os mortos (espíritos).
Em comum, tanto o hinduísmo, o budismo e o espiritismo, ensinam que o ser humano passa por um ciclo de renascimento, ou seja, terá várias vidas para a evolução do espírito.
Por outro lado, o ateísmo, contrapondo-se à fé, é uma corrente de pensamento filosófica que rejeita a ideia de um Deus ou deuses. Feita esta introdução, qual seria o “Deus de Espinosa”? E qual a importância de Espinosa para a teologia ou para a filosofia?
Ao contrário de Immnuel Kant, filósofo alemão do século XVIII (autor da Crítica da Razão Pura), Espinosa foi um pensador racionalista e considerado por muitos, ateu. Porém, na sua obra, Ética, ele menciona a existência de Deus em várias ocasiões.
Joan Solé na obra Espinosa, editora Salvat, pg. 61, faz as seguintes considerações sobre a Ética de Espinosa: “Espinosa chama substância ou Deus a esta base que já existe. Devemos esclarecer de imediato que o Deus espinosista é completamente diferente do judaico-cristão … o Deus de Espinosa é a estrutura subjacente à realidade, a ordem composta por leis universais inflexíveis que determinam a forma de tudo. Deus, ou a realidade por excelência (também chamado substância ou Natureza), é infinito e contém tudo o que existe, pelo qual se expressa …”.
Para Espinosa, segundo Joan Solé e outros escritores, Deus é natureza. Na obra Ética, Espinosa afirma: “Não pode existir nem se conceber nenhuma substância exceto Deus”. Sobre essa afirmação de Espinosa, Joan Solé pondera se Espinosa seria ou não panteísta (corrente de pensamento que identifica a divindade com o cosmos, causa da realidade; não um Deus transcendente e exterior ao mundo, como o judaico-cristão – pg. 77).
O que chama a atenção é que Espinosa admite em Ética que Deus possui intelecto, o que parece ser contraditório a um Deus que se assemelha ao cosmos ou simplesmente à natureza. Espinosa também afirmou em Ética que alma e corpo são uma só e mesma coisa.
Em a Ética, ainda, ele defendeu uma versão epistemológica peculiar: “A Alma humana tem um conhecimento adequado da essência eterna e infinita de Deus”.
Espinosa, diz a história, foi um homem de conduta irrepreensível e a finalidade de sua filosofia foi a defesa da ética e a busca da felicidade. Pelo fato de o “seu Deus” “divergir” do Deus judaico-cristão, foi excomungado pela comunidade judaica de Amsterdã (Holanda) em 1656.
Não há dúvida, assim, que o “Deus de Espinosa” (ou o Deus de sua crença), tinha relação direta e ínsita com a natureza, sendo ele panteísta ou não.
A mensagem que fica é: a liberdade de crença, em qualquer religião ou doutrina, ou mesmo da não-crença (ateísmo), deve ser respeitada. A ética, por sua vez, é irrenunciável.