A menina Laila Gainme, que faleceu antes de completar os cinco anos de idade, está sepultada no Cemitério da Saudade, em Araçatuba (SP), e seu túmulo é um dos mais, se não o mais, visitado daquele espaço. O motivo é que a ela são atribuídos milagres, desde a sua morte, em 1935, até os dias de hoje. Estas histórias de fé e espiritualidade que envolvem a pequena milagreira são a base do filme “Laila”, que acaba de sair do forno e tem estreia prevista para dezembro deste ano.
A ideia de produzir um filme baseado nos milagres da menina surgiu durante o Sétima Arte, projeto que ensinou noções de cinema, com aulas desde roteiro até produção e direção, para mais de 50 alunos. Foram eles, aliás, que definiram o tema do curta-metragem que iriam produzir, a partir de relatos de graças recebidas a partir da fé na garotinha araçatubense.
Foram dois dias inteiros de captação de imagens, em maio deste ano, no cemitério, e em outros locais da cidade, que resultaram em nove minutos de filme. Mas o trabalho começou bem antes, com pesquisa, conversa com os familiares da menina, que não moram mais em Araçatuba, e até com o responsável por cuidar do túmulo da Laila.
Entre a produção, edição e finalização, foram oito meses de trabalho, conta a atriz e produtora Luana Carvalho. Ela foi uma das professoras do projeto Sétima Arte e participou de todo o processo.
O curto traz um personagem fictício que recebe um milagre da menina Laila. Embasada na fé, a produção ouviu várias pessoas que receberam graças que vão desde a cura de uma doença até a libertação de vícios, como parar de fumar. Há, inclusive, pessoas que chamam Laila por causa da pequena milagreira.
Flores e Pipoca
Uma curiosidade descoberta durante a produção é que o mito de que Laila teria falecido vítima de um engasgamento com pipoca vem do fato de que a família da menina, que era muito abastada, mandou fazer uma escultura dela com um vestido cheio de flores brancas, de mármore.
O artista que fez a obra decidiu colocar também flores de mármore suspensas, caindo sobre o túmulo. Só que as pessoas confundiram as flores com pipoca e logo criou-se a lenda de que Laila teria morrido engasgada com o alimento, o que não é verdade.
A menina morreu vítima de uma pneumonia, no dia nove de janeiro de 1935, aos quatro anos e cinco meses de vida – ela nasceu no dia seis de agosto de 1930.
Pré-estreia e Estreia
A pré-estreia do filme ocorreu na semana passada, com a exibição para professores da educação especial da rede pública municipal. O curta será exibido em cinco escolas municipais, no Sebrae-SP e no Instituto de Cegos, antes da estreia, que está prevista para dezembro.
O filme, que possui áudiodescrição, com legenda acessível, será exibido ao público durante uma mostra que será realizada no mês que vem, reunindo todas as produções audiovisuais realizadas em Araçatuba em 2024. O evento será no Cineflix, no Shopping Praça Nova, na segunda ou terceira semana de dezembro.
Após a estreia, conforme Luana Carvalho, será realizada uma ação na cidade, com a entrega de um QR Code para as pessoas assistirem ao filme no YouTube.
Sétima Arte
O Sétima Arte é um projeto de formação em audiovisual aprovado pela Lei Paulo Gustavo que foi realizado em Araçatuba neste ano.
Ao todo, foram 110 horas de curso, com a participação de mais de 50 alunos.
Os participantes receberam aulas de noções de cinema, roteiro, documentação, decupagem de texto, ângulos, documentários, direção para cinema, produção, fotografia, edição, sonorização, montagem, masterização, marketing e projetos culturais.