Há cem anos, prefeito de Araçatuba era executado na Praça Rui Barbosa

Município tinha apenas 16 anos de fundação quando a tragédia aconteceu, em julho de 1924.
Hermílio de Magalhães Pinto foi o segundo prefeito de Araçatuba e tinha 52 anos à época - Foto: Reprodução
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Final de julho de 1924. Os revoltosos que tentaram derrubar o governo do presidente Arthur Bernardes fracassaram em seu intento e deixavam a capital paulista rumo ao Paraná. Araçatuba tinha apenas 16 anos de fundação e era governada por Hermílio de Magalhães Pinto, o segundo prefeito do município que assumira um ano antes e teria um trágico fim dias depois, no início de agosto daquele ano.

Hermílio de Magalhães Pinto tinha 52 anos à época e foi descrito pelo escritor Fabriciano Juncal, em seu livro “A verdadeira história de Araçatuba”, como um homem bom e trabalhador, “que não se preocupava muito com as rixas internas que dividiam a cidade, e dedicava-se mais aos problemas administrativos”. Ele estava iniciando a construção da Praça Rui Barbosa, local que seria palco de sua bárbara execução.

A chamada Revolução Tenentista, ou Revolta Paulista de 1924, reivindicava reformas na República, como o voto secreto, mudanças no ensino público, moralização da política e a destituição do presidente Arthur Bernardes. O levante foi assim chamado, porque foi organizado por alas progressistas do Exército, com participação de tenentes e militares de outras patentes, comandados pelo general Isidoro Dias Lopes.

Deflagrada em 5 de julho de 1924, a violenta revolta sitiou a capital paulista por 23 dias, o que fez o governador Carlos de Campos deixar São Paulo. Para ajudar no combate à Revolução Tenentista e reforçar a força legalista, Hermílio de Magalhães Pinto, que era do mesmo partido de Campos, o PRP, teve de convocar os policiais de Araçatuba, que se deslocaram para a capital.

A segurança de Araçatuba passou a ser feita, alternadamente, por homens ligados a dois grupos políticos, um liderado pelo ex-prefeito Joaquim Pompeu de Toledo, que era a favor da Revolução, e outro pelo Coronel Guilherme de Souza, legalista, fiel ao governo do Estado, conforme contou Fabriciano Juncal em seu livro publicado em 1973.

A Tragédia

Na noite de 2 de agosto de 1924, quem estava na rua era o grupo do Coronel Guilherme de Souza. Com a notícia do fracasso da revolução, seus homens passaram a comemorar a vitória dos legalistas, sob a liderança do jornalista Manoel Ferreira Damião, na praça Rui Barbosa.

Conforme Fabriciano Juncal, Damião insultou o advogado Jacinto de Barros, que apoiava a revolução. Os dois passaram a discutir e Barros acabou atirando em Damião no pescoço, que foi socorrido por Juncal e outros que por ali estavam.

A tragédia maior, no entanto, estava por vir. Hermílio de Magalhães Pinto voltava para casa, quando ao atravessar a Rui Barbosa, foi cruel e barbaramente assassinado pelas costas, por três indivíduos escondidos atrás do coreto.

Os assassinos, segundo Fabriciano Juncal, eram os carabineiros e jagunços de muitas mortes João Alves e seu cunhado José de Araújo, acompanhados do pistoleiro Armando Pedrásio. Não há registros da motivação do homicídio.

A crueldade do crime provocou uma onda de revolta na população. Com a morte de Hermílio de Magalhães Pinto, quem assumiu a prefeitura foi Gaspar Prado de Souza, que governou Araçatuba até novembro de 1924. Hoje, Hermílio de Magalhães dá nome a uma rua, no centro da cidade.

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