Juiz diz ter tomado “apenas duas cervejas” e ingerido antidepressivos em seguida

Ele disse que estava “lúcido”, dirigia com cautela e que a ciclista teria surgido de maneira inesperada em um “ponto cego” de sua caminhonete.
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O inquérito que apura o atropelamento da ciclista Thaís Bonatti por um juiz de direito aposentado de 61 anos, em Araçatuba (SP), não corre mais em segredo de justiça e revela contradições preocupantes entre os depoimentos prestados à Polícia Civil.

O acidente, ocorrido no último dia 24 de julho, envolve o juiz e uma jovem de 25 anos que o acompanhava desde a noite anterior. Em seu interrogatório, o juiz afirmou que havia tomado apenas “duas cervejas” em um bar e, horas depois, fez uso dos medicamentos Revoc e Carbolitium, indicados para tratamento de depressão.

Disse ainda que estava “lúcido”, dirigia com cautela e que a ciclista teria surgido de maneira inesperada em um “ponto cego” de sua caminhonete, entrando pela lateral direita da rotatória no momento do impacto. “Não vi a bicicleta e não poderia supor que ela iria entrar pelo meu lado direito”, declarou.

No entanto, a versão apresentada pela acompanhante que estava no carro no momento do atropelamento lança dúvidas sobre a narrativa do magistrado.

Segundo a mulher, que trabalha como acompanhante na boate, o juiz a buscou por volta das 23h de quarta-feira, 23, e ambos permaneceram na casa noturna até as 10h da manhã seguinte, quando ocorreu o acidente.

Durante a noite, segundo ela, o magistrado bebeu um pouco, sendo que foi servido na mesa uísque, champanhe, cervejas e drinks. Ela informou não saber se houve consumo de algum tipo de entorpecente por parte do juiz.

Ainda segundo o depoimento da mulher, o proprietário da boate ainda teria sugerido que ele não dirigisse, oferecendo um transporte por aplicativo ou até mesmo um quarto para dormir, o que foi recusado.

Na contramão

A testemunha relatou que o magistrado chegou a trafegar na contramão de uma via e, minutos antes do atropelamento, teria tentado entregar a direção a ela, afirmando não “estar em condições” de dirigir.

Ela disse, ainda, que tentou passar na condução do veículo, porém o autuado não parou e, seguindo na via, percebeu que o juiz havia atropelado uma ciclista, pelo lado do passageiro.

Em seguida, a mulher pediu para que o autuado parasse logo que percebeu o impacto e muitas pessoas aglomeraram. Ela percebeu que a moça atropelada estava muito ferida, pois gritava muito, mas não chegou a ver a vítima de perto.

Acrescenta que o autuado sempre empreendeu velocidade baixa durante sua condução e, no momento do acidente, estava em baixa velocidade. O
autuado parou o veículo logo em seguida ao atropelamento.

A vítima veio a óbito dois dias após permanecer internada e instável na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Araçatuba.

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